sexta-feira, 26 de junho de 2020

Estás morta, realmente morta?
O teu corpo, que agora parece levitar,
Tão leve que a mais pequena brisa
Poderá arrebatá-lo num capricho –
Este corpo é o teu sarcófago?
Ou vais ainda levantar-te,
Sorrir-nos com malícia enternecida
E chamar-nos impostores
Como quando éramos crianças?
Porque é por ti, para ti,
Que o silêncio murmura estas vozes,
Num preito ciente
De que, se estás realmente morta,
Embora haja tanta gente,
A humanidade continua, é certo,
Mas mais rara, e mais rarefeita
E menos preciosa.

Nuno Rocha Morais

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