quinta-feira, 25 de abril de 2019

Sou português a cada instante.
O tempo, ingénuo e pervicaz,
Atira-me com isto.
E sei agora que em cada português
Existem dois:
Aquele que a cada Abril
Se sente obrigado a uma revolução
E se levanta,
Logo apedrejado pelo outro sub-português,
Que o mata,
Solenemente lhe entrega o bronze de mártir
Para o chorar,
Livre assim, para o não seguir.

Nuno Rocha Morais

domingo, 14 de abril de 2019

Sou tão comum que o meu sangue
É absolutamente neutro,
Sem nada de alquímico.
A minha vida enleia-se
Nos sinais de uma morte paciente
E jamais os meus sonhos se evadirão
Dos contornos do quotidiano.
Sou um viveiro de mistérios convencionais,
Uma criatura de rotinas,
Sem perplexidades e ousadias,
Não deixo rasto.
Só o amor por ti,
Este de que nem sequer precisas,
Este que nem sequer te ensina a respirar,
Me torna precioso, singular, irrepetível.

Nuno Rocha Morais

Deram-nos uma liberdade de cravos Desenterrada dos mais sombrios tempos – Crónica da memória – Liberdade pisada, amarfanhada Nas profundezas...