Afinal, morre-se, mãe
E o teu ventre já não
pode prometer nada.
Noite após noite, os
olhos,
Os meus e os teus,
Apagam-se um pouco
mais.
Afinal, morre-se sem um
crime,
Pode-se morrer
puramente,
Morre-se sempre, mãe.
Só o teu ventre não
acredita nisso.
Eu queria morrer ao teu
lado,
Porque, afinal,
morre-se, mãe.
Morrer, ao teu lado, não
teria significado algum;
Como morre alguém
perante o lugar de nascer,
Perante a idade de que
se emergiu?
Mas, afinal, morre-se
E morrer é estar de
novo ao teu lado,
Mais – envolvido no teu
ventre
Que afasta o tempo e a
morte
De quem se prepara para
nascer.
Nuno Rocha Morais