Talvez estivesse só,
Se não fosse uma
gaivota
Que repete círculos
Num céu estranhamente
baixo,
Ela, como eu, longe do
mar.
Ando por estas ruas
distraídas
Que hoje me levariam a
qualquer vida,
Ruas leves, à deriva,
sem deus,
Um deus dissoluto,
disperso em rituais,
Intocável a qualquer
prece.
Há uma solidão que se
espraia em mim,
Como um baldio, um
descampado,
A infância faz força,
pressurosa,
Contra o pensamento.
Não a deixo vir.
Não a deixo vir.
Nuno Rocha Morais