domingo, 25 de fevereiro de 2018

Nostalgia do zero,
Que é a transparência numérica,
A identidade por cindir
Em múltiplos nomes –
Inúmeras errâncias
Na busca de unidade.
Nostalgia do tempo
Como um sonho.
Nostalgia das palavras
Ainda no seu inicio,
Não esta ciência incompreensível,
Hostil, oculta.

Nuno Rocha Morais

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Quando ela trouxer o anjo
Cuja espada te irá julgar,
Diz-lhe que nada tens a dizer
Senão que queres dançar com ela
Ao som da música que te dança no espírito,
Dançar com ela se agora for para sempre
Sobre as águas do lago,
Que por fim romperá a placenta
Até ao mar.

Nuno Rocha Morais

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Que a tua memória seja longa,
Embora, por vezes, a fites incrédulo,
E não te reconheças em nenhum
Dos outros que foste e em ti apagaste.
Memória longa para saberes
Onde se encontram perdidas as coisas,
As pessoas, os lugares,
E então talvez as causas aceitem revelar-se,
Personagens na sombra que abandonam o disfarce
Porque nada mais pode a memória
Senão murmurar-te que viver
É desencontrar.
Que seja longa e labiríntica:
O fogo sem chamas reminiscente
O que te espera é isso,
Uma longa conversa com a memória.


Nuno Rocha Morais

Deram-nos uma liberdade de cravos Desenterrada dos mais sombrios tempos – Crónica da memória – Liberdade pisada, amarfanhada Nas profundezas...