Ao
fim e ao cabo, é suposto ser esta
A grande lição da vida,
Segundo a qual,
ferozmente civilizados,
Nos devoramos e
esfacelamos
E dos nossos restos
Fazemos a vida toda.
Cada vez menores,
Vemos cada vez maior o
passado,
Um fio ténue de
presente
E o ocaso alberga todo
o futuro,
Mais e mais difusa
A possibilidade de
todas as manhãs
De todos os caminhos
por haver.
Só o amor unificaria os
nossos restos,
Erguendo-os em
uníssono,
Só o amor nos salvaria,
só o amor.
E, contudo, já não restam neste mundo
Pasárgadas por onde possamos ir embora,
Onde sejamos amigos dos reis,
Onde tenhamos a mulher que queremos.
Só o amor, de céu muito
azul
Ou nublado, só o amor
Nos salvaria neste
grande suicídio –
A lição da vida.
Nuno Rocha Morais
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