domingo, 17 de setembro de 2017

Sempre que me vias,
Eram os teus lábios
Em festa de riso,
Os teus olhos infestados
Por uma alegria verde;
    Era eu a sentir-me grande,
    A sentir a unanimidade
De ser inteiramente eu,
Eram as minhas feições calcinadas,
Que adquiriam alígera coloração
De ser eu reconstruído.
Sempre que me vias,
Era eu surpreso pela correspondência
Entre a tua alegria
E a minha imagem.

Nuno Rocha Morais

domingo, 10 de setembro de 2017

Sobre o mar, a noite começa a ser
Uma espécie de possibilidade.
A tua mão escreve com as ondas
Nervosos postais,
O teu cabelo esvoaça ao encontro da brisa.
Juntos aqui, junto ao mar,
Quem é cada um de nós,
A que outro se mistura,
Com o ocaso, a brisa, o rumor?
Continuas a escrever.
Em mim pousa a profunda calma do mar,
Há feridas antigas que voltam para dentro,
E desaparecem, não deixando sequer cicatriz.
Ouvi-te realmente dizer
Que esta é a paisagem de seres feliz?

Nuno Rocha Morais

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