sábado, 31 de dezembro de 2016

Toda esta vida,
Todo este tempo em mim reunido
Para, afinal, servir de raiz a uma lápide;
Toda esta vida
Me soube a reencontro com as coisas.

Nasci no seio da mesma matéria,
Agrupada em várias formas,
Mas há uma igualdade
Entre mim e as coisas,
Comungámo-nos.

E, por isso, morrer
Será apenas voltar ao nada
De onde se ergue todo o início.


Nuno Rocha Morais 

domingo, 18 de dezembro de 2016

Uma Fala


A ninguém desejaria que estivesse
Agora dentro de mim,
Mas, como sabeis, senhores,
Não me assiste escolha,
Não há fuga,
Sou o meu próprio fogo, a minha água,
Inferno e dilúvio conciliados.

                  


Nuno Rocha Morais

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016







Aguardo outra vida,
A nova estação, aquela
Em que te esvaíste
E na qual hás-de voltar.
E enquanto não voltas,
A minha mão deslaça as palavras de Outono,
Desencadeia o vento
E há uma nostalgia
Entre o silêncio que gera esta página
E uma tempestade que se estorce,
Se encabrita, se morde pelos céus.
Aguardo outra vida,
A claridade, o desabrochar
De uma nova estação,
A de abrires aquela porta.


                      Nuno Rocha Morais

Deram-nos uma liberdade de cravos Desenterrada dos mais sombrios tempos – Crónica da memória – Liberdade pisada, amarfanhada Nas profundezas...