terça-feira, 5 de janeiro de 2021


            Enquanto o Ano Novo se aquieta pela casa

E visita os primeiros sonos,

Eu medito na tua memória,

Nos acontecimentos que dela saíram,

Orlas de espumas de um tempo antigo.

Ouvi-te falar da tropa como o paraíso,

Talvez uma daquelas ironias,

Necrológios, uma linguagem

Que só na tua memória é inteligível,

Mesmo num ar que nada sabe de pássaros,

Num sangue de folhas mortas,

Porque então só aí o ar é claro,

Só aí o teu corpo compreende a respiração,

Os olhos conhecem os climas das suas cores.

 

Nuno Rocha Morais

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