quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Invisível

Melhor seria nada saber de ti,

De como se desdobra o que és

E onde estás e quem vês.

Mas a tua vida obstina-se

Dentro da minha vida.

É na verdade um fruto vazio,

Forma traçada na areia

Que a maré não apaga.

Se fecho os olhos,

Logo sobre essas águas fechadas

Vens caminhando,

Luminosa, e não findas

Mesmo quando te desvanece o repente

Em que retomo os olhos,

Mas vou ainda pelos teus passos fora,

Sei quem és e aonde vais.

Em riso existes, e rumor, e gesto,

Mas sem margem onde eu te veja

E invisível permaneces.

 

                                                                Nuno Rocha Morais


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