Melhor seria nada saber de ti,
De como se desdobra o que és
E onde estás e quem vês.
Mas a tua vida obstina-se
Dentro da minha vida.
É na verdade um fruto vazio,
Forma traçada na areia
Que a maré não apaga.
Se fecho os olhos,
Logo sobre essas águas fechadas
Vens caminhando,
Luminosa, e não findas
Mesmo quando te desvanece o repente
Em que retomo os olhos,
Mas vou ainda pelos teus passos fora,
Sei quem és e aonde vais.
Em riso existes, e rumor, e gesto,
Mas sem margem onde eu te veja
E invisível permaneces.
Nuno Rocha Morais
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