Rio-me de chorar muito,
Penso, que à força de esperar,
Fiz um buraco no céu,
Que pela minha persistência
Se rege o sol.
Rio-me por também eu crer
Na mais piedosa das mentiras –
A de que, ao fim, o sofrimento
Revelará o seu sentido
E, mesmo severo, admoestando
(“Homem de pouca fé”),
Abrirá as mãos, de onde sairá
A recompensa, a graça
Ou apenas um estado neutro
Que muito deve à felicidade –
A mais cruel das mentiras.
Nuno Rocha Morais
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