A mãe dizia-lhe: o que
não vires,
Escreve; o que não
puderes,
Escreve. O que não
escreveres
Será o que realmente
viste e pudeste.
Agora sobre o pórfiro
do céu,
Recomeça com aquilo que
começou,
O barro mais elementar
E o leite mais necessário
Até ao fim – as
palavras da mãe,
Agora que todo o outro
amor é nada
E se recusa a abrir,
Tantas cidades e
partida nenhuma,
Num abandono ainda
quente.
Em pensamento, a mãe
vem lamber-lhe as feridas,
Depois, talvez fique de
novo o voo aflito
Perante demasiado espaço
E por toda a parte se
ouça, ardente,
O arco sussurrante de
uma voz –
Vem morrer –
Mas, se cair, há-de
recomeçar,
Repetindo, repetindo
sempre,
A única palavra que o
salva: mãe
Desde o princípio,
contra o fim.
Nuno Rocha Morais
Sem comentários:
Enviar um comentário