Domingo num país
distante .
Não falo a língua,
Mas, de súbito, ouço
sinos,
Sinos por toda a manhã,
Sinos de igrejas que não
descobri,
Ocultas durante a
semana.
Não sou católico, mas é
domingo
E por fim eis uma língua
Que posso entender:
Sinos, sinos, sinos.
E assim chegam até aqui
os meus lares -
Posso ouvir os meus
vivos
E, sobretudo, os meus
mortos
Nestes sinos, na
alegria destes sinos.
Não sou católico, mas
ouço-os catolicamente
Porque os meus mortos
morreram
Aconchegados na sua fé
E creio que a agonia
Lhes foi menor por
isso.
Ouço-os agora nestes
sinos,
No gáudio de sinos,
revogando
Martírios, fogueiras,
cancros.
Os sinos brincam, como
cardumes,
Misturam-se com pombas,
corvos, almas,
E são como um aceno dos
meus mortos -
Que chegaram bem, que
valeu a pena,
Que é tudo verdade.
Ámen.
Nuno Rocha Morais
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