Os domingos cheiram a
assado –
O meu passado gosta
sempre de falar no presente -
A mãe levanta-se cedo –
O meu pai e a minha mãe
São figuras de alegria,
de riso,
Tal como muitas das
presenças invisas, fantasmas,
Que me criam ainda –
Deita o azeite na
terrina,
Depois o lombo e mais
azeite sobre a carne,
Que escorre movido por
uma espécie de ternura –
E depois as batatas
velhas
Que a minha avó
encerrava,
Em jeito de ouro inca,
em três leiras
E distribuía depois
pelos filhos,
Herança, transmissão de
sangue.
E as oliveiras do
quintal
Amamentavam-nos com um
azeite muito ácido
E dos outros avós, limões
e ovos.
É assim na minha família
A dieta mediterrânica.
Nuno Rocha Morais
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