terça-feira, 26 de maio de 2015


Gostaria agora que fossemos velhos,
E velha tu, junto de mim,
Passando a mão pelas dores
Que por fim foram douradas,
E que se tornaram parte da carne.
Gostaria de olhar para o teu rosto
Sulcado por muitos tempos
E ver nele, quase completa,
A minha vida.
Passou a estridula adolescência
Do corpo, do desejo,
Mas algo da alegria dura para sempre,
Mesmo se a chama se inclina,
Um pouco melancólica.
Abdicando do tempo, não da experiência. –
Se nos fosse concedido um absurdo.
Finalmente aqui estão duas vidas
Que, uma na outra, sabem algo sobre a vida.
Fica. Sem ti, terei vivido
Como alguém que não foi convidado.



                                                                                 Nuno Rocha Morais

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