A folha de papel que
tenho à frente,
Lavrada pela mão mecânica
E indiferente de escrivão,
sou eu.
Nela sem emoção alguma,
soa
A meia-noite e quinze
De um dia trinta e um
de Dezembro.
Mas já estão alguns
nomes
E entretanto esses nomes
cresceram
Como trigo e
encheram-se de amor
Ao crescerem comigo, são
mel, cera, tecto.
Como um portulano, esta
folha
Exibe as conjunções de
vidas
Banindo o arbitrário do
humano.
Não podia ser senão
assim.
Mas a letra de máquina
ignora tudo.
No entanto, esta folha
de máquina sou eu –
Com duas gralhas, mas
sem erros de ortografia,
E isto deixa-me
tranquilo.
Nuno Rocha Morais
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