domingo, 10 de maio de 2015

Cresce dentro de mim, despercebido.
Maternalmente, alimento esse estame
E o hóspede usurpa o códice de cada célula,
Que sujeita ao assédio da sua fome.
É uma omnipresença que se torna carne,
Como um destino, avatar exacto, matemático.
Vegeta e mineraliza.
A sua liberdade estende-se, ilimitada
Até onde vai o meu corpo.
Cresce, fetal, no seu incunábulo,
Cerra os pequenos punhos
Até que tenha força bastante
Para ser dor, gnose, nome – cancro.



Nuno Rocha Morais

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