quinta-feira, 28 de outubro de 2021


 

Estou à tua espera

E sou uma multidão que passa,

Flui e reflui, e talvez me impeça

De te ver.

Esperar-te não fará por ti o caminho,

Amar-te não será em ti amor,

Não é sequer a melodia

Que a mim trará o teu coração ouvindo,

Mas espero-te e há por isso

Tanta coisa de mim que voa,

Talvez até ao próprio chão

Não resista a lançar-se no espaço.

Esperar por ti é ouvir-te,

Mesmo que não chegues,

Mesmo que a multidão que passa venha

Impreterível, devolver-me pedaços,

Até me recompor sozinho.

Espero-te e sou assim alguém que lança

Água no deserto e espera

Que, à força de esperar, a água cresça.

 

Nuno Rocha Morais


Sem comentários:

Enviar um comentário

Não quer nada cada um dos meus versos Às vezes, alíseos, Outras, fantasiosas paisagens, Outras ainda resumos de pedras. Cada um dos meus ver...