Pé ante pé, como se de cada passo
Dependesse a sua consistência,
Um conceito, uma sombra,
Uma flor que precede a raiz:
Tudo em nós deveria ser esta tentativa
De encontrar uma sabedoria,
Da qual nunca poderemos saber muito,
Que não fosse uma sucessão de desenganos,
Um brinde último de cicuta,
Uma ária amarga de vértebras quebradas,
Uma apoteose de restos e andrajos,
O acorde perfeito num auge de ruínas,
Mas uma sabedoria de celebração,
De êxtase, de regozijo, de coroação.
E nada é tão comovente
Como o movimento de uma dúvida,
Desenrolando-se, com uma reticência
E uma arte que aprendeu com a manhã.
A sabedoria, uma salamandra
No interior da sua própria chama.
Nuno Rocha Morais
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