segunda-feira, 4 de maio de 2020

FERNANDO PESSOA

 
Da poesia, um templo alimentado
Pelos ritos do segredo,
Herdeiro das chamas de Elêusis.
Sepultados em ti, múltiplos cursos
E cada um dos teus nomes
Era uma forma de ausência,
E multiplicavas a tua solidão
Em solidões diversas.
Que nome dar-te então?
Talvez o de um deus
Recomeçado num homem.
E dos deuses, de que apenas conhecias
As sombras sobre os destinos,
Buscaste a exacta forma.
Buscaste a resposta para a eternidade
Sustentada em mínimas formas fugazes.
Aprendeste que volúvel é o desejo,
Que volátil é o tempo do homem,
Que mais alto que o verso
Enredado na escrita
É sempre o verso por escrever.


Nuno Rocha Morais (Galeria)

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