sábado, 4 de maio de 2024


Onde estais versos magníficos,
Cantos de fachada belíssima,

Naves de silêncio imponente,

Palavras que ultrapassam o tempo,

Onde estais, que apenas vejo

Versos apodrecidos, que nem vão

Além da página que facilmente os doma?

Onde o vento, onde os sinos,

Onde as janelas que, todas somadas,

Fariam o poema sublime

Que nem o esquecimento de uma Eternidade inteira

O poderia dissolver em mudez?

Onde o verso, barco acordado e invencível,

Que só vejo o momento seco de um cardo?

Onde a beleza, sendo a única que diviso

A que resta de um sonho em ruínas?

Inexoravelmente, o meu verso

Se divide no espaço

E retorna ao peso do silêncio,

Aprisionado no centro de uma idade.


Nuno Rocha Morais 

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