Enquanto dura o teu perfume –
A silhueta sem objecto,
Os contornos da tua ausência,
Como se um simples procurar-te
Fosse nefasto, tanto como olhar para trás –
Enquanto dura o teu perfume,
Vou sentar-me contigo,
Deixar o tempo espiralar-se
Para não ser já tarde ou cedo,
Sentir como a memória forma,
Num silêncio artífice,
As suas grutas insidiosas,
As suas nuvens demoradas.
Vou sentar-me contigo,
Sem medo, a ouvir o sorvedouro.
Nuno Rocha Morais
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