quinta-feira, 25 de abril de 2024

Deram-nos uma liberdade de cravos

Desenterrada dos mais sombrios tempos –

Crónica da memória –

Liberdade pisada, amarfanhada

Nas profundezas das mãos 

Já lucífugas do temor;

 

Deram-nos esta liberdade,

Aragem exalada por certas vozes –

Zeca Afonso, “Grândola”.

Energia borbulhante nos pulsos,

Ergueram-se do ser fantasma,

Fachada já fendida.

 

Esta liberdade que nos deram

Celebrada em pombas transparentes

Nos fugazes dias orquestrados pela euforia.

Mas a liberdade que nos deram não é nossa,

Embora nas nossas veias seja ela a alígera

Que nos concede direito à claridade.

 

Não é nossa a liberdade que assenta em símbolos

Que são na alma dos nossos pais ecos

De insubmissão e vitória,

Pois que cada geração tem de esburgar

O seu querer, a sua liberdade de navegar

E buscar a sua liberdade.

 

Geração sem liberdade conquistada,

Rosa gerada submergida na lacuna

De estar ainda por abrir.


Nuno Rocha Morais
 

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