Desenterrada dos mais sombrios tempos –
Crónica da memória –
Liberdade pisada, amarfanhada
Nas profundezas das mãos
Já lucífugas do temor;
Deram-nos esta liberdade,
Aragem exalada por certas vozes –
Zeca Afonso, “Grândola”.
Energia borbulhante nos pulsos,
Ergueram-se do ser fantasma,
Fachada já fendida.
Esta liberdade que nos deram
Celebrada em pombas transparentes
Nos fugazes dias orquestrados pela euforia.
Mas a liberdade que nos deram não é nossa,
Embora nas nossas veias seja ela a alígera
Que nos concede direito à claridade.
Não é nossa a liberdade que assenta em símbolos
Que são na alma dos nossos pais ecos
De insubmissão e vitória,
Pois que cada geração tem de esburgar
O seu querer, a sua liberdade de navegar
E buscar a sua liberdade.
Geração sem liberdade conquistada,
Rosa gerada submergida na lacuna
De estar ainda por abrir.
Nuno Rocha Morais
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