De novo, o duelo que não poderás ganhar,
A laceração, e de novo há pedaços
De um coração insípido
Que se esmagam com a chuva contra o vidro.
Mas a verdade é que não chove
E a verdade é que no céu
As estrelas retomaram a sua engrenagem.
Já consegues apreciar o funcionamento
Da gramática alemã, ou qualquer outra.
Que te preste.
O sono deixa-se convidar,
Como um animal dócil,
E os sonhos dissolvem-se sem rasto, sem memória –
O mesmo é dizer, sem consequências.
Redescobres por fim a maravilha
De uma ostra sem pérola.
O mundo que era real e se converteu em miragem,
Dolorosa miragem é novamente real
Nos seus modos, nos seus ritmos,
E em breve virá esse vazio que é a aceitação,
O melhor que muito amor deixa,
Uma indiferença que, reconhecida,
É quase euforia.
A tua vida será quase tua outra vez.
Nuno Rocha Morais
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