domingo, 2 de janeiro de 2022

 

Tanto tenho morrido para sempre

Mas ainda volto pelas portas entreabertas

Do crepúsculo

Pela luz pálida, cadavérica

Moribunda

A luz que me conhece

Que me acompanha pelas ruas

Onde sou leve como ninguém

Pois que ninguém me reconhece

E chego junto de ti

Venho dizer-te – Tenho morrido tanto

E é para sempre

Receio não ter-te amado até ao mais fundo

Da minha força e ela secou

Quase me desvaneço Falo-te

Pacífica mulher de Vermeer

Talvez fluir de outra vida já

Já não me reconheces

Sou agora outra margem

Só os mortos me reconhecem

 

Nuno Rocha Morais


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