quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

 


Dias solidificados num hábito,

Num hábito a que chamam,

Segundo o habitual mecanismo das horas,

Amor ou sonho ou trabalho.

Um hábito a que chamam vida,

Tiquetaque dos passos,

Sempre os mesmos

Do sempre mesmo hábito,

A dormir para cumprir

O hábito de acordar,

Um hábito a que chamam vida,

Até terem um enfarte de regularidade,

Até chegar a morte,

Já um hábito,

O plácido ponto final

No requerimento do corpo,

Cumprindo a burocracia da carne.

 

Nuno Rocha Morais


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