Hoje, é dia de Natal e, não sei,
Talvez estivesse só,
Se não fosse uma gaivota
Que repete círculos
Num céu estranhamente baixo,
Ela, como eu, longe do mar.
Ando por estas ruas distraídas
Que hoje me levariam a qualquer vida,
Ruas leves, à deriva, sem deus,
Um deus dissoluto, disperso em rituais,
Intocável a qualquer prece.
Há uma solidão que se espraia em mim,
Como um baldio, um descampado,
A infância faz força, pressurosa,
Contra o pensamento.
Não a deixo vir.
Nuno Rocha Morais
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