sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Hoje, é dia de Natal e, não sei,

Talvez estivesse só,

Se não fosse uma gaivota

Que repete círculos

Num céu estranhamente baixo,

Ela, como eu, longe do mar.

Ando por estas ruas distraídas

Que hoje me levariam a qualquer vida,

Ruas leves, à deriva, sem deus,

Um deus dissoluto, disperso em rituais,

Intocável a qualquer prece.

Há uma solidão que se espraia em mim,

Como um baldio, um descampado,

A infância faz força, pressurosa,

Contra o pensamento.

Não a deixo vir.

 

Nuno Rocha Morais


Sem comentários:

Enviar um comentário

Deram-nos uma liberdade de cravos Desenterrada dos mais sombrios tempos – Crónica da memória – Liberdade pisada, amarfanhada Nas profundezas...