terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 É certo que tudo aconteceu

No teu corpo, na tua alma,

Mas não eram teus, corpo e alma.

Digamos que se tratou de um cenário

Para que por ele as coisas passassem;

Passaram corpos, passaram anos.

Para o sofrido, esperaste propósito,

Mas não para o feliz, de que te apossaste.

Viveste tudo como teu, mercenário,

E, no entanto, agora,

Não sabes o que será de ti,

Prestes a devolver corpo e alma.

Em breve, ser-te-ão desconhecidos.

Não és senhor sequer do que viveste.

 

Nuno Rocha Morais



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