Conheces agora a minha pobreza,
Conheço agora o teu juízo –
Muita coisa a juntar-nos,
Não vá isto ser coisa nenhuma,
Pétalas putrescentes,
Cortina afinal sobre plateia vazia
E nós, inincontráveis,
E nós, a escuridão imóvel,
E nós, nem sequer perdidos,
Nem sequer nada.
Oxalá de nós alguma coisa,
Nem que seja só a força de uma repulsa
A distinguir a pele
Do que nos repele.
Ao menos isto – na minha casa,
O silêncio calçou a ausência
Das tuas sandálias
No nervo central de um corredor.
Dorme sobre o que não lembras –
O passado pode ser tão avaro,
Tão incerto como o futuro.
Nuno Rocha Morais
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