domingo, 12 de dezembro de 2021


Conheces agora a minha pobreza,

Conheço agora o teu juízo –

Muita coisa a juntar-nos,

Não vá isto ser coisa nenhuma,

Pétalas putrescentes,

Cortina afinal sobre plateia vazia

E nós, inincontráveis,

E nós, a escuridão imóvel,

E nós, nem sequer perdidos,

Nem sequer nada.

Oxalá de nós alguma coisa,

Nem que seja só a força de uma repulsa

A distinguir a pele

Do que nos repele.

Ao menos isto – na minha casa,

O silêncio calçou a ausência

Das tuas sandálias

No nervo central de um corredor.

Dorme sobre o que não lembras –

O passado pode ser tão avaro,

Tão incerto como o futuro.

 

Nuno Rocha Morais


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