Enquanto
desfias o rol de recriminações,
O
pergaminho de culpas que enchem
A
terra e o céu, que empestam o ar,
Cada
palavra rasura-nos um pouco mais
E
vais-te gradualmente convertendo
Numa
estátua de sal,
Mas
de costas voltadas para aquela que foi
A
tua, a nossa cidade.
Foi
aqui que os quadros de Botticelli,
Os
versos d’ A Divina Comédia,
Se
fizeram cúmplices crípticos
Para
trocarmos olhares, segredos.
Mas,
ao fim e ao cabo, não nos mostrámos
Talvez
gratos o suficiente
Pela
propalada oxitocina, pelo oxímoro
De um
amor que mata e não morre.
E,
agora, aqui estamos, como se a lua
Me
espremesse sumo de limão nos olhos.
E tu
te convertesses em sal
Às
portas da cidade que abandonamos,
Empestada
de culpa.
Nuno Rocha Morais (Galeria)
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