Como vento, percorrias a velhice
Das montanhas e a sua ciência,
A juventude solitária dos vales,
À tundra davas novas da floresta,
Polinizavas as cores e os lábios.
Pelas auroras, discernias as alegrias,
As mágoas, as mortes
Orquestradas com o amanhecer
Como o vento, eras ogiva e eras corola,
A aromática harmonia dos frutos,
Como vento, eras (a) voz opaca,
(A) hialina transparência,
Como vento, sabias que a rosa-dos-ventos
Velava ainda continentes
Que as vagas ignoravam,
Mas tu, vento, não.
Como vento, sempre vento, provaras o leite,
Irmão das mães.
Vento, instinto, instinto, vento
Animal de vento, enguia,
Alga, sargaço, fonte,
Coetâneo das mitologias,
Dos labirintos, das asas de cera,
De sonhos, guerras, incêndios,
Como vento, eras consubstancial ao tempo
Como vento eras, como o tempo,
Intemporal.
Intemporal.
...
Nuno Rocha Morais
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