Meu amigo, venho agradecer-te
por me deixares
adâmico, sozinho no mundo
experimentando a inutilidade
desse mundo, quando só.
Meu amigo, venho agradecer-te
a dádiva dessa solidão
que tanto te haverá doído,
se realmente eras meu amigo.
Meu amigo, venho agradecer-te
o teres criado para mim
a tua ausência
que eu bebi e era amarga.
Meu amigo, venho agradecer-te
quanto de mim encontraste
e me deste, bom ou mau
certa luz podre, mas também
uma fresca e límpida obscuridade.
Meu amigo, venho agradecer-te
a gratidão.
Nuno Rocha Morais
Sem comentários:
Enviar um comentário