domingo, 23 de junho de 2024


Já saudades de tudo,

Do milagre que as tuas mãos sabiam ser,

Da tua graça que realmente amanhece,

Saudades de ser possível pensar

Na possibilidade das coisas que não vivemos,

Saudades do teu calor no meu casaco

E de um frio que não mais terei,

Saudades de uma chuva que ouvi contigo,

De livros na tua voz,

O sal vagamente lírico de uma tristeza

Que se foi tornando mais obscura,

Que se adensou e não passa.

Saudades de uma cidade,

O mar, o rio e a bruma,

Saudades do teu beijo misturado

Com vinho quente, ou chocolate, ou canela

Saudades do meu nome na tua boca,

O nome que, agora, cansado, de flanco,

Morre algures em ti.


Nuno Rocha Morais
 

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