Não, não serei o poeta
Das causas altissonantes,
O poeta sonhado pela eternidade
Para cantar as geometrias da beleza.
Não serei o poeta
De suspiros primevos,
Ou o poeta que renega a sua condição
E nela pisa para estar mais próximo
De algum deus.
Não serei o poeta-pássaro,
Canto de pétrea temperatura,
Imutável, firme.
Serei somente o poeta que em mim houver,
Talvez o do discurso soníloquo
Que nem assoma
A superfície da noite:
Serei se ele em mim for,
O poeta ninguém,
O poeta que ninguém sonha,
O poeta que, dissolvido no homem,
É do poeta só leve travo.
Nuno Rocha Morais
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