Em frente, fica o último prado
Onde pasta o último cavalo.
Atrás do prado, naufraga, afoga-se,
Soçobra o último sol
E nunca mais haverá um sol
Com face de prado e cavalo que pasta.
Amanhã, nascerão ali prédios,
Semeados por arquitectos,
Regados por homens de mãos grossas,
Impessoais, neutras, precisas
E, plantas concisas, brotarão os prédios.
Depois virão as mulheres
Que penduram nos prados dos fins de semana
Os seus alvos, perfumados esforços
Ou regam as suas enfermiças plantas,
Pálidas, sem vigor que cedo morrerão.
Afinal, o que é isto de Natureza?
Nuno Rocha Morais
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