segunda-feira, 1 de maio de 2023


Em frente, fica o último prado

Onde pasta o último cavalo.

Atrás do prado, naufraga, afoga-se,

Soçobra o último sol

E nunca mais haverá um sol

Com face de prado e cavalo que pasta.

Amanhã, nascerão ali prédios,

Semeados por arquitectos,

Regados por homens de mãos grossas,

Impessoais, neutras, precisas

E, plantas concisas, brotarão os prédios.

Depois virão as mulheres

Que penduram nos prados dos fins de semana

Os seus alvos, perfumados esforços

Ou regam as suas enfermiças plantas,

Pálidas, sem vigor que cedo morrerão.

Afinal, o que é isto de Natureza?


Nuno Rocha Morais 

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