À minha paciência chamarás cobardia
Porque, então, o significado é um extremo –
Para além dele só o abismo.
E, assim, todas as palavras em mim
São indefensáveis, apenas me posso calar.
Mas, então, pelo silêncio, acuso
Ou escondo, ou falseio.
Na verdade, o meu silêncio é uma sucessão
De incisões, de histórias fossilizadas.
Não sei de ti, mas desaprendi a perguntar.
As perguntas sobem ou descem?
O céu é a suspensão de uma coisa,
A terra é a consequência ou vestígio de outra.
Paralelos, pacientes, cobardes,
Jamais se infringem, nada farão um pelo outro.
À mais perfeita indiferença ouvi
Chamarem amor. Talvez fosse.
Sentem algas e é amor.
Pontapés nas costas e é.
Acessos de tosse. Náuseas. E é sempre amor.
À minha paciência chamarás cobardia.
Ao amor, gaiola aberta.
Nada restará de mim nas tuas mãos ténues.
Não perdoarás a paciência,
Não me perdoarás que espere por ti.
Nuno Rocha Morais
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