quarta-feira, 26 de maio de 2021

 

Passamos pelas ruas sorumbáticas 

Dos meus anos de estudante,

Residências e cafés cuja solidão 

Procuramos não perturbar com a nossa,

Embora caminhemos juntos,

Embora saibas que te amo,

Embora não te possa estender a mão.

Tanta coisa aconteceu aqui

Taciturnamente, episódios

Mal iluminados por lampiões públicos,

Mas, mesmo nessa penumbra,

Os seus contornos, conheço-os de cor,

Reconstituo-os de memória,

Ainda assim, aqui, entre nós,

Eu não seja capaz sequer de dizer

O que é que não nos aconteceu.

[E do que nos aconteceu,

Não se encontrara caixa negra.]

 

Nuno Rocha Morais


Sem comentários:

Enviar um comentário

Deram-nos uma liberdade de cravos Desenterrada dos mais sombrios tempos – Crónica da memória – Liberdade pisada, amarfanhada Nas profundezas...