Quando parti, a minha mãe não me deu,
Como a mãe de d’Artagnan, esse unguento milagroso,
O bálsamo talvez levemente fétido,
Certamente inútil,
Produto de uma sabedoria
Que ganhou o ranço da ingenuidade.
Como d’Artagnan logo percebeu
Havia dores, feridas, que o bálsamo
Não podia compreender, muito menos mitigar.
O bálsamo que a minha mãe me deu
Vinha dentro de mim,
Esse que, em voz aflautada pela ironia,
Se designa por amor de mãe,
E a sua pureza muito podia
Contra os inúmeros Rocheforts do mundo.
Nuno Rocha Morais
Sem comentários:
Enviar um comentário