sábado, 1 de maio de 2021

 

Quando parti, a minha mãe não me deu, 

Como a mãe de d’Artagnan, esse unguento milagroso,

O bálsamo talvez levemente fétido,

Certamente inútil,

Produto de uma sabedoria

Que ganhou o ranço da ingenuidade.

Como d’Artagnan logo percebeu

Havia dores, feridas, que o bálsamo

Não podia compreender, muito menos mitigar.

O bálsamo que a minha mãe me deu

Vinha dentro de mim,

Esse que, em voz aflautada pela ironia,

Se designa por amor de mãe,

E a sua pureza muito podia

Contra os inúmeros Rocheforts do mundo.

 

Nuno Rocha Morais




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