“Porém meu ódio é o melhor de mim”
Carlos Drummond de Andrade
Não odiei ninguém, nem mesmo
Quando me enterraram
vivo.
Não tem
importância,
De nada me
servia, embora me pertencesse
A minha vida.
Lá teriam as
suas razões
Para me
enterrarem vivo
Aqui, onde
tocam telefones
Dia e noite,
dia e noite,
Por onde passa
gente
Sem nunca se
deter,
Gente que nem
sequer tem tempo
De ter rosto e
expressão.
Tão-pouco
protestei –
Para não
incomodar –
Quando me
enterraram vivo.
Esperei,
paciente, e a paciência
Roeu-me os
ossos.
Não tem
importância.
Educadamente
até me pediram desculpa
Por me
enterrarem vivo.
Não os odiei,
não me odiavam.
Se alguma vez
odiássemos,
Talvez fossemos pessoas melhores.
Talvez fossemos pessoas melhores.
Nuno Rocha Morais
Sem comentários:
Enviar um comentário