quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Poema de fim de ano


Todos os relógios sustêm a respiração
Ante o momento que poderá não vir.
A seiva para o passo seguinte é vital,
Nascituro perfil da terra que não se divisa.
Este é o momento em que os milénios
Correm ao encontro
Do segundo humilde que os faz existir.
O momento chegou e renovou-se
A ilusão de solo firme
E parece que o tempo
Cessou a gestação do fim
É um novo ano, mas começa sem ti
Há esta violência do passado
Contra um dia que o não conhece,
Um dia, um ano que, cego,
Abre outros veios,
Um dia que não reconhece quem somos,
O que passámos para suceder a nós próprios
E, dia a dia, reconquistarmos um lugar
Nas nossas próprias vidas –
E rasga, lacera.

Nuno Rocha Morais

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