Todos
os relógios sustêm a respiração
Ante o momento que
poderá não vir.
A seiva para o passo
seguinte é vital,
Nascituro perfil da
terra que não se divisa.
Este é o momento em que
os milénios
Correm ao encontro
Do segundo humilde que os
faz existir.
O momento chegou e
renovou-se
A ilusão de solo firme
E parece que o tempo
Cessou a gestação do
fim
É um novo ano, mas começa
sem ti
Há esta violência do
passado
Contra um dia que o não
conhece,
Um dia, um ano que,
cego,
Abre outros veios,
Um dia que não
reconhece quem somos,
O que passámos para
suceder a nós próprios
E, dia a dia,
reconquistarmos um lugar
Nas nossas próprias
vidas –
E rasga, lacera.
E rasga, lacera.
Nuno Rocha Morais
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