Entre dois fogos, estes
salvam-se sempre:
São os devotos de uma
viscosa equidistância
E nas entranhas têm apenas uma falsa
temperança.
Aí estão, constituídos árbitros
de tudo,
Pairando acima de erros
e paixões
À força de sangue frio
e fogo lento,
Em nada diferindo dos
abutres,
Salvo na máscara que
usam.
Estes são os que
esperam, assépticos,
Estando ao mesmo tempo
com a maioria e nas minorias.
Compreendem tudo sem
jamais incorrerem em nada.
E como praticam a arte
da meia-verdade
Isenta da meia-mentira
inerente.
São estes que tentam
mediar o fogo com o fogo
Para não contrariarem o
fogo:
Como incham de tão razoáveis.
Se pudessem, certamente
aboliriam o ponto de ebulição
Por entenderem
desnecessária a exasperação da água.
Nuno Rocha Morais
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