sábado, 8 de agosto de 2015

Deixo a verdade mentir mais
E mais, até a mentira ser verdade:
Fundem-se assim opostos em iguais,
Misturados em uma mesma grade.
Vejo então qual verdade a falsa ponte
Que num nós funde os nossos sós pronomes
E de ti faz tangível horizonte,
País onde me acoites e me tomes.
Pela falsa verdade é que eu te falo,
Ébrio de quanto quero acreditar.
Depois, é o teu espanto como um galo,
Um sino ou um alarme a despertar
A mentira do seio da verdade,
Alma que, pela morte, do corpo se evade.


          Nuno Rocha Morais

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