Há já algum tempo que não brinco a ser criança,
Há já algum tempo que não sou sincero,
Que baralho verdades e mentiras num único nó.
Há já algum tempo que faço jogos de sombra
Com virtudes e vícios,
Há já algum tempo que me impingem hierarquias.
Já me dizem que é tempo de eu cortar
A casa numa família,
Ancorar na esposa, nos filhos, na carripana, no emprego,
Tempo de deitar cedo,
Acabar com as escritas,
Deixar as folhas devastadas de branco,
Deixar que o papel sonhe calado,
Que também eu não sonhe:
Em vez de sonhar, devo votar.
É uma vida que me propõem,
É ser gente que me propõem,
E eu não posso fugir, como fugir de ser gente?
A vida já me vai recortando uma memória
Já me morre como se me pertencesse.
Nuno Rocha Morais
È già da tempo che non gioco a
esser bambino,
È già da tempo che non sono
sincero,
Che confondo verità e menzogne in
un unico nodo.
È già da tempo che faccio giochi
d’ombra
Con virtù e vizi,
È già da tempo che mi impongono
gerarchie.
Già mi dicono che è tempo che mi
decida
A metter su famiglia,
Mi attacchi alla sposa, ai figli,
al catorcio, al lavoro,
Tempo d’alzarsi presto,
Smetterla di scrivere,
Lasciare i fogli devastati di
bianco,
Lasciare che la carta sogni in
silenzio,
Che neppure io sogni:
Invece di sognare, devo votare.
È una vita che mi propongono,
È d’essere uomo che mi propongono,
E io non posso sfuggire, come
sfuggire dall’esser uomo?
La vita già mi sta amputando una
memoria
Già mi muore come se
m’appartenesse.
Tradução de Manuela
Colombo, Novara (Itália)
Mais um belíssimo poema do Nuno: eu gosto imenso da sua poesia.
ResponderEliminarQuis traduzi-lo para a minha língua, o italiano: minha homenagem (pouca) ao grande poeta. Meus parabéns pelo precioso blogue. Um forte abraço
Manuela Colombo, Novara (Itália)
È già da tempo che non gioco a esser bambino,
È già da tempo che non sono sincero,
Che confondo verità e menzogne in unico nodo.
È già da tempo che faccio giochi d’ombra
Con virtù e vizi,
È già da tempo che mi impongono gerarchie.
Già mi dicono che è tempo che mi decida
A metter su famiglia,
Mi attacchi alla sposa, ai figli, al catorcio, al lavoro,
Tempo d’alzarsi presto,
Smetterla di scrivere,
Lasciare i fogli devastati di bianco,
Lasciare che la carta sogni in silenzio,
Che neppure io sogni:
Invece di sognare, devo votare.
È una vita che mi propongono,
È d’essere uomo che mi propongono,
E io non posso sfuggire, come sfuggire dall’esser uomo?
La vita già mi sta amputando una memoria
Già mi muore come se m’appartenesse.
Muito obrigada pelas suas simpáticas palavras acerca da poesia do Nuno.
Eliminar"Últimos Poemas" é um livro já publicado com a poesia do Nuno e espero ter em breve um outro.
Gostei muito da sua tradução e gostaria de o publicar junto ao dele neste blogue. Um grande abraço
Elisabete Rocha Morais, Porto (Portugal)
Fico muito feliz que você tenha apreciado a minha tradução: para mim foi um prazer e um desafio. Você pode publicá-la no seu blogue sem nenhum problema.
ResponderEliminarSó no terceiro verso faltou o artigo un, e deve ser modificado assim "Che confondo verità e menzogne in un unico nodo."
Antes de encontrar seu valioso blogue, eu já traduzira alguns poemas do Nuno e os publiquei numa antologia pessoal de poemas lusofonos, que estou coligindo desde que comecei a aprender a língua portuguesa por conta própria, não há muito tempo:
http://www.poesias.omelhordaweb.com.br/pagina_textos_autor.php?cdEscritor=6281
Os poemas até aqui traduzidos são: Quadra; Ao teu lado, mudo; Que não acabes nunca de me esquecer; Brinquei, pela calada, em sítios proibidos; A dança lê o espaço.
Se você gosta destas minhas versões, pode dispôr livremente delas (citando o tradutor).
Desejo-lhe as maiores felicidades. Grande abraço