De ti, muito pouco sabemos
Que não seja verso:
O amor que, dócil, se estendia
Como praia matinal,
A vida traída nos declives
Dos enganos e — pior — dos desenganos,
O ser português que era algo
De não caber no peito,
Mas só no mundo.
Até os teus versos, onde os homens
Se tornaram deuses dos deuses,
Não soam humanos,
Incriados, alheios à pequenez da pena,
Envoltos no amplo silêncio de cantar,
Como ninfa da luz recém-nascida,
Nas tuas palavras se erige uma língua,
As suas novas dores e sortilégios e silêncios.
Tão somente isto de ti sabemos:
Alma de terra e oceano.
Nuno Rocha Morais
Sem comentários:
Enviar um comentário