sábado, 20 de julho de 2024


Ao crepúsculo, as casas empalidecem,

Preparando-se para a longa travessia da noite,

Despedem-se com os últimos fulgores das vidraças do sol.

Registo coralífero à luz moribunda,

As casas crescem agora por dentro,

Agitam-se de vozes e crianças,

São inundadas por odores,

Abrem as paredes à lembrança.

Que vidas escondem?

As casas tudo calam,

Libertando, quando consentido,

Monossílabos de janelas abertas ou portas

Ou roupas dispostas ao calor.

São assim as casas, fiéis,

Calorosos túmulos da vida.


Nuno Rocha Morais 

Sem comentários:

Enviar um comentário

As contracções, A ira de Deus, O sangue da maçã mordida, A serpente enroscada No pescoço que aperta E aperta, A fractura da identidade, A de...