O crepúsculo demora-se a esboçar
Nos longínquos céus tons impressionistas.
O dia termina e deixa ao relento
Cachos de cadáveres,
Homens e cavalos de olhos vazados
Por uma expressão vazia, polar.
O sangue já se cansou e parou de correr.
O ar, cortado todo o dia
Pelas lâminas dos gritos,
Pelos gritos metálicos das lâminas que se encontram,
Pelo ódio a que outro ódio responde,
É agora plácido, pacífico.
Foi precisa a morte de todos estes homens
Para que houvesse paz.
E nenhum destes que aqui caiu,
Sorvido inteiro num esgar de dor,
Há-de encontrar o descanso
Da vitória ou da derrota:
Para os mortos só há a morte.
Nuno Rocha Morais
Poemas dos dias (2022)
Sem comentários:
Enviar um comentário