A verdade é que estou perdido.
Cada coisa que te digo
É uma declaração de guerra,
Ou nada do que te digo interessa,
E o silêncio é dar margem
A uma margem que cresce.
Marcaria encontro contigo, dentro de ti,
Para te perguntar onde estás –
Se ainda aceitasses ver-me.
Diria que te amo
Se aceitasses ouvir-me.
Dir-te-ia que estou aqui
Se ainda me aceitasses dentro de ti.”
Confundo as identidades
Da estrela da manhã e da estrela da tarde
Posso imaginar que os meus olhos
Estejam agora húmidos com a confusão
De um cão que não entende as palavras,
Mas apenas o tom.
Posso conceber que essa ternura perplexa
Cause repulsa, mas não a entendo.
Tudo o que te possa dizer
Te soará a declaração de guerra
Ou, pior ainda, a capitulação
Neste jogo de identidades que se desfocam,
Num combate de sombras
Entre forças que se desprendem.
E o silêncio é dar margem
A essa margem que cresce.
Em breve passará um rio, soará a noite,
E será o mundo.
Nuno Rocha Morais
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