segunda-feira, 6 de março de 2023

O verso do verso: Os versos nos versos

 

Que terei eu lido de quanto li?

Que sei eu dos complexos mecanismos da chuva

Ferventes na terra fértil ou até estéril?

Sei apenas que escrevo por rumos

Que me chegam de longe, muito longe,

De milénios de memória insciente.

Sei apenas que escrevo como quem desenterra

Alguns instantes de corpos metamorfoseados,

Como quem ouve um silêncio conhecido

E povoado de outros silêncios

Possuidores da ciência de um discurso

Erguido no sussurro do próprio silêncio.

Mas, quem leio quando me leio?

Quem se reflecte naquilo que escrevo?

O meu verso nasce de uma encruzilhada,

Nasce de um passado e de um presente

Carregados pelo meu nome.

Sei que a minha boca é um pêndulo

 E que as pegadas nas palavras

Só aparentemente não existem.

 

Nuno Rocha  Morais 


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