Que terei eu lido de quanto li?
Que sei eu dos complexos mecanismos da chuva
Ferventes na terra fértil ou até estéril?
Sei apenas que escrevo por rumos
Que me chegam de longe, muito longe,
De milénios de memória insciente.
Sei apenas que escrevo como quem desenterra
Alguns instantes de corpos metamorfoseados,
Como quem ouve um silêncio conhecido
E povoado de outros silêncios
Possuidores da ciência de um discurso
Erguido no sussurro do próprio silêncio.
Mas, quem leio quando me leio?
Quem se reflecte naquilo que escrevo?
O meu verso nasce de uma encruzilhada,
Nasce de um passado e de um presente
Carregados pelo meu nome.
Sei que a minha boca é um pêndulo
E que as pegadas nas palavras
Só aparentemente não existem.
Nuno Rocha Morais
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