domingo, 19 de fevereiro de 2023

Le Moi Haissable


Pergunta-lhe, nada te dirá.
Decides, pois, segui-lo,

Sabes que está algures à tua frente,

Mas também atrás de ti

E que caminha ao teu lado.

Tece-se quando o desteces

E cresce no movimento inverso.

Abre-lhes as portas e ele fecha-as.

Às vezes, gostarias de o matar

Ou apenas de lhe ver o rosto inteiro

A uma luz inequívoca,

Saber, afinal, quais são

Realmente os seus olhos.

Odiaste-o tanto, tantas vezes

A sua existência te pareceu imperdoável.

Esgotarão ao mesmo tempo 

O círculo em que se perseguem,

E as forças. Reunir-se-ão,

Por fim, junto a um tronco

Rugosos e sem folhas.

Irão enfim falar,

Quando já nada há para dizer

Com o sol que declina. 


Nuno Rocha Morais

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não quer nada cada um dos meus versos Às vezes, alíseos, Outras, fantasiosas paisagens, Outras ainda resumos de pedras. Cada um dos meus ver...