Chegou não sendo ninguém,
A figura vazia, o peregrino
De nenhuma fé,
Nenhum rasto deixavam
Os seus passos sobre a neve,
As suas mãos não poderiam
Mover sequer uma folha.
Chegou a uma vida
De absoluta indiferença,
O inverno era o mais frio
Em muitos anos.
Dormiu em camas várias
Sonos emprestados;
Olhar apenas sentado
Era a única possibilidade de viver.
Deixou-se cair para render
Homenagem ao abismo,
A maníaca hora das refeições,
Os solitários agarrando-se
Ao seu vazio como única sobrevivência,
Em tudo isto, ninguém.
Nuno Rocha Morais
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